SPDA em fábricas: inspeção, manutenção e conformidade segundo a NBR 5419

Em ambientes industriais, descargas atmosféricas podem causar danos graves em questão de segundos. Um único raio é capaz de danificar máquinas, interromper a produção e colocar vidas em risco. Por isso, investir em um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) é mais do que cumprir a lei: é proteger colaboradores, equipamentos e a estrutura física da planta.

A NBR 5419 é a norma que define os critérios de projeto, instalação, inspeção e manutenção do SPDA, garantindo que cada componente, de captores a aterramentos, funcione corretamente.

Nos próximos minutos, vamos mostrar como funciona o SPDA em fábricas, quais são as exigências da norma, como realizar inspeções e manutenções e quais erros devem ser evitados para manter a segurança e a conformidade. Boa leitura!

O que é o SPDA e por que ele é essencial em fábricas?

O SPDA em fábricas é um conjunto de estruturas e dispositivos projetados para captar, conduzir e dissipar de forma segura a energia das descargas atmosféricas. Ele é formado por três partes principais:

• captação (pontas, cabos ou malhas na cobertura da edificação);
• descida (condutores que levam a corrente para o solo);
• aterramento (sistema que dissipa a energia no solo).

Sem esse sistema, as descargas elétricas podem:

• provocar incêndios e explosões;
• danificar máquinas, painéis elétricos e sistemas de automação;
• colocar em risco a integridade dos trabalhadores;
• gerar longas paralisações e prejuízos financeiros.

Em um ambiente fabril, onde o valor dos equipamentos e a continuidade da produção são críticos, o SPDA é um investimento estratégico e obrigatório.

O que a NBR 5419 determina sobre proteção contra descargas atmosféricas?

A NBR 5419 é a principal norma brasileira para sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA), ou seja, para-raios e todos os dispositivos que evitam danos causados por raios.

Ela define critérios que vão desde o projeto até a manutenção, garantindo que fábricas e indústrias operem com segurança e em conformidade com a NR-10, que trata da segurança em instalações elétricas.

Saiba mais a seguir!

Análise de risco

Tudo começa com uma análise de risco detalhada. Essa etapa avalia fatores como a localização geográfica da edificação (áreas mais propensas a raios), as dimensões do prédio, a altura, a quantidade de equipamentos eletrônicos sensíveis e o tipo de atividade industrial.

Com esses dados, é possível determinar o nível de proteção necessário, escolhendo a categoria de SPDA adequada para cada caso.

Projeto executivo completo

Com a análise feita, é elaborado o projeto executivo, que especifica:

• tipo de captação: pode ser do tipo Franklin (haste captora), malha ou híbrido, dependendo do tamanho e formato da construção;
• condutores de descida: dimensionados para conduzir a corrente elétrica do raio com segurança até o solo;
• sistema de aterramento: projetado para dispersar a energia no solo de forma eficiente, sem riscos de retorno de corrente.

Esse projeto precisa ser assinado por um profissional habilitado, garantindo que a instalação siga as normas técnicas e tenha a robustez necessária.

Materiais e instalação de qualidade

A NBR 5419 exige o uso de materiais certificados, com resistência adequada às descargas e métodos de fixação seguros, que suportem variações de clima e corrosão ao longo do tempo. Isso assegura a durabilidade do sistema, evitando que partes críticas se soltem, oxidem ou percam a capacidade de condução elétrica.

Proteção interna contra surtos

Além da proteção externa, a norma exige a instalação de dispositivos de proteção contra surtos (DPS). Eles são responsáveis por proteger os equipamentos eletrônicos de picos de tensão causados não só por raios diretos, mas também por descargas indiretas ou oscilações da rede elétrica.

Essa etapa é fundamental para preservar máquinas, painéis de comando, computadores e sistemas de automação.

Documentação técnica em dia

A documentação técnica também é um pilar da norma. O projeto, o laudo de inspeção e os registros de manutenção devem ser mantidos organizados para eventuais auditorias.

Esses documentos comprovam que a empresa não apenas instalou o SPDA corretamente, mas que realiza as inspeções e manutenções periódicas previstas.

Ou seja: cumprir a NBR 5419 é obrigatório para qualquer indústria que queira operar com segurança e de acordo com a NR-10, que trata da segurança em instalações elétricas.

Periodicidade e tipos de inspeção exigidos pela norma. Como funcionam?

A NBR 5419 não se limita ao projeto e à instalação do sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA).

Ela também define como o sistema deve ser inspecionado ao longo do tempo, já que fatores como corrosão, vibrações, intempéries e reformas na estrutura podem comprometer a sua eficiência. Manter as inspeções em dia é essencial para que a proteção contra raios continue funcionando conforme foi projetada.

Saiba mais!

Inspeção visual anual

A norma recomenda que seja feita, pelo menos uma vez por ano, uma inspeção visual. Nessa etapa, o profissional habilitado verifica o estado geral dos componentes: hastes de captação, condutores de descida, conexões, pontos de fixação e o sistema de aterramento.

O objetivo é identificar sinais de desgaste, corrosão, soltura de fixadores ou qualquer alteração que possa afetar a continuidade elétrica e a integridade do SPDA.

Inspeção completa a cada 3 anos

Além da vistoria anual, a NBR 5419 exige uma inspeção completa a cada três anos. Esse procedimento é mais detalhado e inclui medições de continuidade elétrica e de resistência do aterramento, garantindo que o sistema seja capaz de conduzir e dissipar a energia de um raio com segurança.

Também é o momento de verificar se as distâncias de segurança e as ligações equipotenciais continuam dentro do padrão original.

Inspeção extraordinária

Há ainda a necessidade de realizar uma inspeção extraordinária sempre que ocorrerem situações que possam alterar a eficácia do SPDA.

Entre os principais gatilhos estão:

• modificações na estrutura do prédio, como ampliações ou reformas;
• instalação ou troca de equipamentos de grande porte, que possam influenciar o sistema elétrico;
• descargas atmosféricas significativas, que podem danificar condutores, conexões e dispositivos de proteção contra surtos.

Emissão de laudo técnico

Cada inspeção — seja anual, trienal ou extraordinária — deve resultar em um laudo técnico assinado por um profissional habilitado, como engenheiro eletricista.

Esse documento comprova a rastreabilidade das medições, descreve eventuais não conformidades e registra as recomendações de correção, servindo como prova de que a empresa cumpre as exigências da NBR 5419 e da NR-10.

Manter as inspeções em dia garante que o SPDA continue eficiente por muitos anos, evitando riscos de incêndio, danos a equipamentos e acidentes com pessoas.

Além de proteger vidas e patrimônios, o cumprimento das periodicidades previstas pela NBR 5419 evita multas, interdições e paralisações de produção, já que a documentação é obrigatória em auditorias e fiscalizações!

Como realizar a manutenção preventiva e corretiva do SPDA?

O Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) é fundamental para proteger pessoas, equipamentos e estruturas contra os efeitos de raios. Mas não basta instalar: a manutenção contínua é obrigatória para que o sistema continue eficiente e dentro das normas, como a NBR 5419 e a NR-10.

A norma divide a manutenção em duas categorias principais, cada uma com funções específicas. Confira a seguir!

Manutenção preventiva

A manutenção preventiva é feita periodicamente, seguindo o cronograma definido no projeto e nas inspeções. Seu objetivo é evitar falhas antes que elas aconteçam, prolongando a vida útil do SPDA e garantindo a proteção constante.

Entre as principais ações estão:

• limpeza dos captores e condutores de descida, removendo poeira, folhas e sujeiras que podem prejudicar a condução elétrica;
• reaperto de conexões e fixadores, que podem afrouxar com vibrações ou dilatação térmica;
• verificação de corrosão, especialmente em hastes, parafusos e pontos de solda;
• testes de continuidade elétrica e de resistência do aterramento, assegurando que a corrente do raio será dissipada de forma segura;
• atualização de registros e laudos técnicos, com data, medições e assinatura de profissional habilitado, garantindo rastreabilidade em auditorias.

Essa manutenção deve ser feita no mínimo uma vez por ano, ou de acordo com a periodicidade indicada na análise de risco do projeto.

Manutenção corretiva

Já a manutenção corretiva é necessária quando o sistema apresenta problemas detectados em inspeções ou após eventos climáticos severos.

Ela é acionada sempre que houver:

• cabos rompidos ou condutores soltos, que interrompem o caminho da descarga;
• oxidação de hastes e conexões, reduzindo a eficiência elétrica;
• desconexão de componentes, seja por impacto de descargas, vibrações ou desgaste natural.

Nesse caso, a intervenção deve ser imediata para restaurar a segurança e a conformidade da instalação.

Em sistemas industriais mais modernos, o SPDA pode estar integrado a painéis NR-12 e automações.

Nesses casos, a manutenção preventiva tem um papel ainda mais importante: ela evita disparos falsos, alarmes indevidos e falhas de comunicação entre os dispositivos de segurança, garantindo que a operação industrial continue confiável e sem paradas inesperadas.

Quais são os documentos e laudos exigidos em auditorias de segurança?

Para comprovar a conformidade com a NBR 5419 (proteção contra descargas atmosféricas) e a NR-12 (segurança em máquinas e equipamentos), não basta apenas ter um sistema de proteção bem instalado.

É essencial que a empresa mantenha um arquivo técnico organizado, que possa ser apresentado durante auditorias ou fiscalizações. Esse conjunto de documentos garante rastreabilidade, prova a realização das manutenções e serve como defesa em caso de acidentes ou processos trabalhistas.

Dê uma olhada a seguir para não errar!

Projeto executivo atualizado

O primeiro item é o projeto executivo do SPDA e das proteções mecânicas. Ele deve estar atualizado e conter todos os detalhes da instalação: tipo de captação (haste Franklin, malha ou híbrido), dimensionamento de condutores, pontos de intertravamento, diagramas elétricos e sistemas de aterramento.

Esse documento é a base para qualquer inspeção, pois comprova que a instalação foi projetada e executada por profissionais habilitados.

Laudos de inspeção periódicos

Outro documento essencial são os laudos de inspeção, que comprovam as verificações periódicas exigidas pela NBR 5419:

• inspeção visual anual, que avalia o estado geral dos componentes;
• inspeção completa a cada três anos, com medições de continuidade elétrica e resistência de aterramento;
• inspeção extraordinária, realizada sempre que houver mudanças estruturais, troca de equipamentos de grande porte ou após descargas atmosféricas significativas.

Todos os laudos devem ser assinados por um profissional habilitado, garantindo sua validade técnica.

Registros de medições de aterramento

As medições de aterramento são fundamentais para comprovar que o SPDA mantém sua capacidade de conduzir e dissipar a energia dos raios. Esses registros precisam indicar as datas, os instrumentos utilizados e os resultados obtidos, além de serem arquivados junto aos laudos de inspeção.

Certificados de materiais e dispositivos de proteção

A norma também exige a guarda de certificados dos materiais e dos dispositivos de proteção contra surtos (DPS). Esses certificados confirmam que os componentes instalados, como hastes, cabos e DPS, atendem às especificações de resistência e qualidade definidas pela NBR 5419, garantindo sua durabilidade e desempenho.

Relatórios de manutenção preventiva e corretiva

Por fim, é indispensável manter relatórios de todas as manutenções, sejam preventivas (limpeza, reaperto, testes) ou corretivas (troca de cabos, substituição de DPS, reparos em conexões). Cada relatório deve conter a descrição do serviço, data, responsáveis e, quando aplicável, a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica).

Quais são os erros comuns na implementação e inspeção de SPDA?

Mesmo com uma norma bem definida, algumas falhas ainda são frequentes:

• projetos genéricos que não consideram a realidade da planta industrial;
• materiais inadequados ou sem certificação, comprometendo a durabilidade;
• falta de inspeções periódicas, que leva à corrosão de hastes e rompimento de condutores;
• documentação desatualizada, dificultando auditorias e aumentando riscos jurídicos;
• ausência de integração com sistemas internos, como painéis de comando e DPS.

Evitar esses erros é essencial para que o SPDA funcione de forma confiável e atenda plenamente à legislação.

E quais são os benefícios da conformidade com a NBR 5419?

Manter o SPDA em fábricas em conformidade com a NBR 5419 gera benefícios que vão além da segurança:

• prevenção de acidentes graves, protegendo vidas e patrimônio;
• redução de paradas de produção por falhas elétricas;
• minimização de perdas financeiras causadas por descargas atmosféricas;
• maior credibilidade em auditorias e certificações, demonstrando compromisso com as normas;
• aumento da confiabilidade operacional, garantindo que a fábrica continue produzindo mesmo em condições climáticas adversas.

O SPDA em fábricas é um elemento indispensável para proteger estruturas, equipamentos e, principalmente, a vida dos colaboradores. Seguir a NBR 5419, manter inspeções periódicas e investir em manutenção preventiva e corretiva são passos fundamentais para garantir a continuidade da produção e evitar prejuízos.

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