É fato que as pessoas costumam passar mais tempo no ambiente de trabalho do que em casa. Por isso, quando este local se torna pesado, a saúde dos colaboradores é afetada em todos os aspectos. E aí, torna-se muito importante saber o que é doença ocupacional.
Se por um lado, vemos a população enfrentar altos níveis de estresse laboral. Por outro, condições inadequadas de se realizar as atividades causam distúrbios orgânicos, que podemos chamar de doenças ocupacionais.
Por mais que a Legislação Brasileira tenha suas exigências com relação às observância das normas voltadas à saúde e segurança do trabalho, as incidências de doenças ocupacionais continuam acontecendo e com certa elevação. Com isso, práticas de prevenção precisam ser adotadas para combater estes males que prejudicam os colaboradores e, consequentemente, as empresas.
No entanto, mesmo que todas estas práticas sejam colocadas em ação, nem sempre elas funcionam ou são praticadas como deveriam. Saiba, portanto, o que são exatamente estas doenças ocupacionais e suas consequências, para ajudar seus funcionários. Boa leitura!
O que é doença ocupacional?
As doenças ocupacionais significam toda e qualquer complicação de saúde de uma pessoa decorrente do trabalho que ela realiza – seja saúde física ou mental.
Para se ter uma noção do quanto este problema tem se tornado cada vez maior, uma pesquisa de 2019 da Mental Health American aponta que o estresse tem aumentando os problemas relacionados ao sono dos trabalhadores. Mais de 65% dos entrevistados afirmaram que o estresse no trabalho está afetando a qualidade das suas noites de sono.
E quando falamos em acidentes de trabalho, os dados se tornam ainda mais preocupantes. Isso porque, de acordo com relatório do Ministério Público do Trabalho e da Organização Internacional do Trabalho, o Brasil é o 2° país do G20 em mortalidade por acidentes no trabalho. Segundo o levantamento, foram 21.467 óbitos de brasileiros de 2012 a 2020 – representando uma taxa de 6 óbitos a cada 100 mil empregos formais nesse período.
Segundo a Lei 8.213/91, as doenças ocupacionais são equiparadas ao acidente de trabalho para fins previdenciários e fiscais. Não é à toa que temos a campanha “Abril Verde” elaborada com o objetivo de conscientizar a população com relação às questões relacionadas à segurança e saúde do trabalhador brasileiro.
Qual a diferença entre doença do trabalho e doença ocupacional?
Então, vamos começar entendendo a diferença entre doença do trabalho e doença ocupacional e assim, elaborar um plano de ação preventiva eficiente contra elas.
A doença ocupacional ou profissional, como também é conhecida, é a que se origina pelos riscos da própria atividade e estão na lista elaborada pelo Ministério da Previdência Social.
Por exemplo, pessoas que atuam em numeração podem desencadear uma doença por contato permanente com materiais tóxicos.
Já a doença do trabalho é quando a atividade exercida em si não prejudica, mas o ambiente e as condições com que ela é realizada pelo profissional sim. Um bom exemplo é o desenvolvimento de problemas auditivos quando a pessoa tem que lidar com um local cheio de ruídos.
Qual a diferença entre Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional?
A Medicina do Trabalho ou Medicina Ocupacional trata-se de uma especialidade médica, responsável por garantir a integridade física dos trabalhadores, por meio da prevenção. Ela, portanto, assegura melhores condições de saúde e interação entre os colegas de equipe.
Ou seja, este especialista é o que avalia a capacidade do trabalhador à vaga e faz reavaliações periódicas, especialmente com as possíveis exposições que o trabalhador possa ter.
A Saúde Ocupacional tem foco na prevenção de doenças e problemas provenientes do trabalho através do bem estar físico, mental e social do indivíduo.
A principal diferença neste caso, é que por meio da atuação de profissionais da Engenharia e Psicólogos, foca-se num ambiente saudável para redução de riscos e não só na prevenção do indivíduo.
Quais são as principais doenças ocupacionais?
Vamos abordar algumas das principais doenças ocupacionais para entender suas causas e as formas de preveni-las? Veja!
LER
Ao falarmos sobre doenças ocupacionais, é provável que a primeira que venha à mente de muitas pessoas seja a Lesão por Esforço Repetitivo ou simplesmente LER. Esta doença ocupacional é causada pela repetição e prolongamento de exercícios, reduzindo consideravelmente a capacidade do indivíduo de desenvolver o trabalho – podendo levar até mesmo à aposentadoria por invalidez.
Apesar de estar relacionada diretamente com a função do funcionário, esta doença está classificada como Doença do Trabalho. Isso porque, ela não está inerente a certa profissão, afinal, pode ser desencadeada por qualquer profissional – empregado ou não.
Por conta da sua progressão lenta, a LER pode passar despercebida como muitos outros problemas, sendo ainda mais prejudicial, pois só será notada quando já estiver em estágio avançado. Por isso, o ideal é sempre descansar durante a atividade e praticar ginástica laboral, por exemplo, para evitá-la.
DORT
Geralmente incluído na mesma classificação das LER, os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORTs) são reconhecidos pela postura inadequada do trabalhador durante a execução de suas atividades.
Ela acaba resultando em dor crônica, caso não seja tratada, e com seu agravamento pode até mesmo causar invalidez do colaborador (assim como a anterior).
Contudo, diferente da LER, os DORTs acontecem apenas nos ambientes de trabalho, justamente pelas más condições em que a atividade laboral é feita.
Por isso, a melhor forma de evitá-la ou, ao menos, diminuir as chances deste problema é praticar atividade física, fortalecendo os músculos e tomando todo cuidado com a postura.
Problemas relacionados à coluna
E não são só as DORTs são causadas por má postura ou as LER por movimentos repetitivos. Na verdade, vários fatores como obesidade e sedentarismo podem causar os mais diversos problemas relacionados à coluna.
Esse problema de muitos profissionais poderem se lesionar durante o trabalho podemos chamar de transtorno das articulações.
Entre as formas de prevenção deste problema na empresa, podemos citar: um programa que incentiva à prática de atividades físicas, uma redução dos esforços físicos dos colaboradores, adequação dos equipamentos e mobiliários e pausas periódicas durante as tarefas. .
Distúrbios psicológicos
Os distúrbios psicológicos são aqueles problemas que podem causar severos problemas aos indivíduos, tais como: depressão, ansiedade, estresse e ataque de pânico.
E as causas para tais doenças são muitas, mas geralmente ocorrem por conflitos no local de trabalho com os colegas desencadeado por bullying ou até mesmo assédios, ou ainda, pressão exagerada por parte do chefe, metas impossíveis e excesso de trabalho.
Tudo isso acaba prejudicando a saúde do colaborador como um todo e até toda a equipe. Por isso, investir em políticas claras contra assédios ou conflitos é importante, além de boas e possíveis metas e planos de carreira, obviamente.
Problemas respiratórios
Problemas respiratórios são causados, normalmente, pela inalação de agentes tóxicos, que resultam em problemas como alergias e asma – caracterizada pela obstrução das vias respiratórias do colaborador por poeiras de substâncias como algodão, borracha, linho, madeira, etc.
Aliás, a asma e as alergias são as doenças respiratórias mais comum relacionadas ao trabalho.
Mas e como prevenir?
A prevenção destes problemas depende, principalmente, do uso correto dos EPIs, além do tratamento adequado quando o diagnóstico já tiver sido confirmado – isso inclui o afastamento do colaborador dos tais agentes causadores da obstrução de suas vias áreas.
Dermatose ocupacional
A Dermatose Ocupacional nada mais é do que uma doença do trabalho, caracterizada por problemas na pele e mucosa do colaborador.
Tais alterações podem ocorrer, especialmente, por sua exposição a certos agentes nocivos durante a execução de suas tarefas laborais. Por exemplo, exposição à graxa ou óleo mecânico.
O termo se relaciona aos seguintes males da nossa pele: dermatite de contato, ulcerações, infecções e cânceres. Assim como na doença citada anteriormente, o tratamento precisa ser feito de forma adequada, afastando o funcionário destes agentes prejudiciais e a prevenção também vai depender do uso contínuo e adequado dos EPIs.
Perda auditiva
Os problemas auditivos são mais comuns do que imaginamos e podem sim evoluir para a perda auditiva. E isso tende a acontecer devido aos seguintes fatores: exposição excessiva à ruídos e a produtos químicos (solventes como tinner e tolueno, entre outros)
Obviamente que a prevenção é essencial e oferecer e orientar sobre o uso correto dos EPIs mais do que ajuda nisso.
Por exemplo, para isolar ruídos os protetores auriculares são fundamentais, além de ventilação em ambientes fechados e máscaras faciais que ajudam no combate a exposição de produtos nocivos.
Como comprovar doença ocupacional?
Por mais que as companhias estejam investindo mais em saúde para seus colaboradores, ainda é difícil para elas reconhecerem que tais problemas foram causados em decorrência das atividades exercidas pelos seus funcionários.
Assim, a comprovação de doença ocupacional é feita através de Declaração Judicial, obtida após uma Perícia Médica. Ou seja, é preciso uma investigação sobre as relações entre a doença ocupacional, desenvolvimento e as tarefas que o colaborador fazia.
Caso comprovado que o trabalho contribuiu para o quadro de saúde do colaborador, tal doença torna-se uma doença ocupacional. Passando a ser tratada da mesma forma que um acidente de trabalho, seguindo a Lei 8.213/91.
Quais são os direitos relativos à doença ocupacional?
Mas quais os direitos relacionados à doença ocupacional, quando esta é confirmada? Descartamos alguns a seguir. Confira!
Despesas médicas
As despesas médicas, hospitalares e com remédios que o colaborador precisa para o tratamento da doença, são ressarcidas por meio de indenização por danos materiais. Tais valores devem constar no processo, com apresentação de nota fiscal, por exemplo.
Auxílio-doença acidentário
O auxílio-doença é um benefício pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aos trabalhadores que se acidentaram ou adoeceram e não são capazes de retornar ao trabalho.
O auxílio-doença acidentário é justamente nestes casos de acidente de trabalho e doenças ocupacionais, sem limite de carência.
Estabilidade provisória
O colaborador que sofre de doença ocupacional tem direito a estabilidade provisória, de 12 meses depois de sua alta médica e retorno. Ou seja, após recuperação não pode ser demitido por ano. Isso porque, doenças ocupacionais são enquadradas como acidentes de trabalho.
Danos morais
Quando o assunto é indenização por danos morais, fatores como grau de responsabilidade da empresa, sua capacidade econômica e o nível de intensidade do dano ao trabalhador (leve, média, grave ou gravíssima) são levados em consideração para determinar o valor.
Dano estético
Indenização por dano estético vai considerar literalmente os danos causados à imagem do colaborador, ou seja, à autodeterminação da pessoa, a quem se impõe uma consequência visual permanente (mudança estética acidental).
Pensão
Pensão vitalícia por conta de doença ocupacional é o benefício que o colaborador recebe mensalmente, de acordo com a Tábua de Mortalidade divulgada anualmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O recebimento é durante sua expectativa de vida do trabalhador, considerando a idade em que foi constatada a sua invalidez/incapacidade.
E na área da Engenharia, quais são as doenças ocupacionais mais comuns
Na área da Engenharia e Construção Civil há muitas doenças ocupacionais que podem acometer os funcionários, entre elas podemos citar:
- Distúrbios músculo-esquelético: costas e outras lesões musculares e articulares;
- Dor e entorpecimento dos dedos e mãos;
- Dermatite ocasionada por exposição ao cimento e solventes;
- Perda auditiva induzida pelo ruído (causada pela exposição a altos níveis de ruído), zumbido ou surdez;
- Doenças com relação ao amianto.
- Doenças ocupacionais pulmonares causadas pela inalação de poeiras e partículas de pó minerals (Pneumoconioses ou Silicoses);
- Intoxicação por metais pesados
Como prevenir a ocorrência de doenças ocupacionais na sua empresa?
Ao ler todo este texto já é possível elaborar planos de ações preventivas voltadas às doenças ocupacionais. E então, ser capaz de desenvolver um ambiente mais seguro e uma melhor qualidade de vida aos seus colaboradores.
Contudo, ainda há dúvidas com relação a isso. Confira as iniciativas que podem ser elaboradas pela empresa para evitar estas doenças – especialmente na área de Engenharia.
- Implementar e reforçar a necessidade de uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), por meio de palestras e treinamentos, por exemplo. Isso fará com que os colaboradores entendam os riscos de negligenciá-los.
- Investir em capacitação dos funcionários de forma periódica também é uma ótima forma de evitar doenças ocupacionais;
- Fazer exames médicos frequentemente também te ajuda a empresa a saber como está a saúde dos seus colaboradores;
- Abrir um canal de comunicação também é bom para passar informações importantes, principalmente em questões de saúde, tais como: campanhas de prevenção.
- E sim, a empresa precisa promover hábitos saudáveis não só dentro da companhia, mas fora. Ela também pode investir em atividades que ajudem nisso, como a ginástica laboral, por exemplo.
Ao botar todas estas iniciativas em prática, sem dúvidas a empresa será capaz de reduzir, consideravelmente, a ocorrência de doenças ocupacionais – tendo colaboradores mais saudáveis e motivados.
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Elaborada em 8 de junho de 1978 pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a Norma Regulamentadora número 12, ou NR 12 traz como meta a garantia de uso de máquinas e equipamentos com segurança para o trabalhador.
Não é à toa que a NR 12 exige informações completas sobre todo o ciclo de vida de máquinas e equipamentos, tais como transporte, instalação, utilização, manutenção e até mesmo sua eliminação ao final da vida útil.
Trata-se de uma das normas mais importantes e extensas comparando as 36 normas regulamentadoras da Consolidação de Leis Trabalhistas. Foram várias atualizações e sua última atualização foi através da Portaria Nº 916 do Ministério da Economia, de 30 de julho de 2019.
Hoje, podemos dizer que a NR-12 deixou de ser apenas uma norma a se cumprir para ser a grande oportunidade da indústria brasileira iniciar uma nova era segura e produtiva. Por isso, a Engenharia Adequada conta com a melhor e mais profissional equipe de adequação NR-12 do país. Saiba mais sobre nós, clicando aqui!
Conclusão
Como vimos, cuidar da saúde dos colaboradores não é só atender a uma legislação relacionada à Medicina e Segurança do Trabalho, é investir em ganhos para ambos, afinal, com funcionários saudáveis a empresa se destaca perante o mercado e seu financeiro fica em dia.
E para os colaboradores, ter saúde vai muito além, sua integridade física e mental é preservada e isso acaba refletindo, significativamente, no seu bem-estar e qualidade de vida. Ou seja, ele se torna produtivo na empresa e fora dela.
Mas porque tudo isso? Simples! Após ler este artigo a principal conclusão que chegamos é que a incidência de doenças ocupacionais – ou seja – relacionadas diretamente às atividades do trabalhador, elevam a carga tributária da companhia, além de gastos com planos de saúde, indenizações diversas e pagamentos de benefícios, salários ou outras consectários, mesmo nos períodos de afastamento do trabalhador.
Dessa maneira, a companhia precisa ficar sempre em alerta com relação ao ambiente de trabalho e seus colaboradores, seja para evitar tais problemas ocupacionais ou otimizar a produtividade de sua equipe e melhorar, significativamente, os resultados da própria empresa.
Caso o objetivo seja prevenir as doenças ocupacionais, investir em comunicação e capacitação dos colaboradores são só algumas das formas de se fazer isso.
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